A abreviação ESG (Environmental, Social and Governance) alcançou notável evidência no contexto jurídico, manifestando a crescente atenção do mercado à sustentabilidade. Esses aspectos tornaram-se cruciais nas avaliações de riscos e nas abordagens de investimento, colocando os escritórios de advocacia sob considerável pressão para ajustarem-se a essas expectativas.
A adoção de tais práticas possibilita não apenas a identificação de um movimento consciente, mas uma estratégia perspicaz capaz de fortalecer a posição dos escritórios de advocacia como líderes não apenas no domínio jurídico, mas também como agentes de transformação social e ambiental.
O mestre em Direito Empresarial e Gestão de Negócios, sócio administrador da Mendes Advocacia e Consultoria, Lucca Mendes, falou sobre o assunto.
A perspectiva do ESG, com seus eixos ambientais, sociais e de governança, alcança qualquer organização que atinja maturidade sobre os impactos da sua atuação para sócios/acionistas, colaboradores, comunidade local e sociedade – rol amplo dos chamados stakeholders, que inclui todos os agentes afetados pela atividade da organização, mesmo que indiretamente.
Não seria diferente para os escritórios de advocacia, estruturas que, independentemente do porte, possuem, por si só, uma função relevante, na medida em que o advogado é indispensável para a administração da justiça e para o Estado Democrático de Direito.
A construção do ESG, portanto, só dá um direcionamento específico para a relevância social da advocacia, que pode ser deduzida desde a Constituição Federal de 1988. De maneira quantitativa, essa relevância é extraída das informações disponibilizadas pelo Conselho Federal da OAB, acerca da existência de mais de 1,3 milhões de advogados, representando que existe um advogado para cada 164 brasileiros, dados que colocam o Brasil como líder mundial dessa proporção de profissionais/população, potencializando o alcance de boas-práticas realizadas por firmas jurídicas.
Em um momento em que a inovação, o empreendedorismo e a estratégia pautam parte importante sobre a atuação dos advogados e dos escritórios de advocacia, o ESG se apresenta como tendência em consolidação, que aumenta o grau de confiança de potenciais clientes, pares e talentos no escritório.
Por isso, para além de benefícios genéricos comumente mencionados, relacionados a objetivos como a sustentabilidade, o ESG é um verdadeiro instrumento de impacto positivo no negócio e nos stakeholders dos escritórios de advocacia e diferencial estratégico, sobretudo com o avanço no grau de maturidade da organização sobre a definição dos temas ESG mais alinhados e de maior peso para cada contexto.
Os três eixos do ESG, entendidos como a frente ambiental social e de governança, nos auxiliam a realizar um recorte de práticas e iniciativas que podem ser utilizadas, especialmente por escritórios de advocacia.
Ao adotar essas e outras iniciativas alinhadas ao ESG, os escritórios de advocacia não apenas se posicionam como agentes de mudança social, mas também fortalecem sua credibilidade e relevância no mercado jurídico. A integração desses princípios não é apenas uma tendência, mas uma necessidade estratégica para a advocacia moderna, marcando um compromisso com um futuro ético e sustentável para todos os envolvidos.