Entre as mudanças – ou melhor, acelerações – que a pandemia da Covid-19 trouxe ao mercado de trabalho, é mais do que natural que o olhar para a saúde mental, o investimento em tecnologias e os modelos híbrido e a distância de trabalho são as de maior destaque. Contudo, ao mesmo tempo que muitas empresas aproveitaram a primeira chance para retomar o presencial, a insatisfação dos colaboradores com a ação pode ser um problema para os gestores. Segundo pesquisa da Revelo, por exemplo, 79% dos profissionais preferem se demitir a perder o home office.
Com a flexibilização da rotina profissional, as empresas precisaram se modernizar e instituir ferramentas, equipamentos e gestão de times que funcionassem a quilômetros de distância dos escritórios. A habilidade de reformular o estilo de trabalho, entender o momento e reinventar os negócios foi o primeiro grande desafio corporativo dos anos de maior incidência do coronavírus.
“Posso falar por experiência própria: esse cenário foi comum no mundo corporativo, já que tanto no processo de ida para o sistema remoto quanto o retorno ao escritório foram necessários preparação e planejamento de gestão nas empresas”, relembra Leonel Carvalho, business development manager (BDM) da Logitech Brasil na Unentel.
Além disso, o trabalho remoto trouxe a muitos profissionais a possibilidade deles expandirem os horizontes de suas carreiras. De acordo com um estudo feito pela Opinion Box em parceria com a Futuros Possíveis, 70% dos entrevistados já consideraram vagas remotas em companhias estrangeiras.
Para muitos profissionais formais, PJs e freelancers o benefício de receber em moeda estrangeira transforma essa vontade em uma meta a ser alcançada. Nisso, a capacidade de trabalhar a distância – seja para liderar ou como liderado – é um facilitador.
No meio do impasse
Embora se reconheça que a presença física e o trabalho no escritório são importantes para a conexão e a colaboração, os colaboradores resistem em retornar, receosos de perder a flexibilidade conquistada nos últimos três anos.
Grandes empresas dos EUA têm adotado iniciativas e oferecido benefícios, como almoço gratuito, café sofisticado e auxílio transporte, para incentivar os colaboradores a voltarem ao escritório. No entanto, a taxa de adesão ainda fica abaixo do esperado, com menos de 50% dos funcionários retornando.
A gigante de tecnologia Salesforce comprometeu-se a doar US$ 10 para instituições de caridade a cada dia em que os funcionários trabalharem presencialmente, em uma tentativa de mobilização. O Google, conhecido por seus benefícios como massagens, lavanderia e áreas de lazer, também está pressionando os colaboradores a voltarem ao escritório. Essa pressão é observada em grupos como Disney e Starbucks, e empresas brasileiras estão atentas a essa tendência, movimentando-se para adotar iniciativas semelhantes.
Para Bruna Longo, CEO da CWK, os espaços de coworking podem ser uma opção para alcançar o equilíbrio. “Do ponto de vista da empresa, o coworking é uma excelente opção, pois o custo-benefício de alocar os colaboradores em um mesmo espaço compartilhado, alternando os dias de trabalho, é muito menor do que manter uma grande estrutura física, que é cara e frequentemente subutilizada”, diz.
Na visão da VP de RH da Continental para Brasil e Argentina, Ana Claudia Oliveira, as empresas devem olhar com maior atenção para uma palavra-chave: flexibilidade. Aquelas que não são tão adeptas do modelo remoto podem encontrar um meio termo no modelo híbrido – tornando-o, é claro, vantajoso e justo tanto para quem é a favor do presencial e para quem prefere o remoto.
“A grande questão é: como manter essas pessoas, que estão trabalhando a distância, com o mesmo nível de informação e participação no dia a dia em igualdade de condições daqueles que estão no presencial? Ações práticas para que os colaboradores se sintam acolhidos e escolham diariamente continuar na empresa são fundamentais. Essas iniciativas se traduzem em bons motivos que fazem com que o profissional queira permanecer na companhia, incluindo o clima organizacional, o coleguismo e a colaboração existente entre todos, o respeito nas relações, o perfil das lideranças, o ambiente de trabalho justo e seguro, oportunidades de carreira e o reconhecimento”, finaliza.
Para saber mais
Àqueles que já saíram do home office para voltar ao presencial, os sentimentos não são exatamente os mais felizes. Eis alguns dados que comprovam isso:
Esses são apenas alguns dados da pesquisa “Quais os sentimentos de quem voltou ao modelo presencial?”, realizada pelo Grupo TopRH em parceria com o Infojobs. Clique aqui ou no banner abaixo para acessar o estudo completo.