O que significa ser empreendedor? O que é uma trajetória empreendedora? Vale a pena empreender? Essas perguntas, realizadas com frequência, refletem o interesse crescente das pessoas, principalmente dos jovens, pela arte de empreender e contribuem para o aumento desse fenômeno denominado empreendedorismo.
Neste início de século, o conceito de empreendedor tornou-se mais refinado quando passou a considerar princípios, ideias e definições a partir de uma perspectiva social, além da perspectiva individual, administrativa e empresarial. Motivações semelhantes e percepções diferentes vêm se misturando em meio a um universo capaz de gerar riqueza, prosperidade e uma perspectiva de vida mais animadora para as pessoas.
Embora as diferentes definições encontradas na literatura de negócios apresentem os empreendedores sob uma perspectiva ligeiramente distinta, todas contêm características semelhantes, tais como: inovação, organização, criação, riqueza e risco. Ainda assim, cada definição é restritiva, considerando que os empreendedores são encontrados em quase todas as profissões.
De qualquer maneira, independentemente da profissão ou da origem dos negócios, empreendedorismo é o processo de criar algo novo com valor, dedicando o tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psíquicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação e da independência econômica e pessoal.
Empreender vai muito além da simples vontade de querer fazer alguma coisa para ganhar dinheiro. Não existe fórmula mágica para tornar alguém um empreendedor de sucesso. O que existe, de fato, é uma combinação de competências que todo pretenso candidato a empreendedor precisa desenvolver: comportamentais e técnicas.
Por fim, deve-se ter em mente que empreender é uma atividade desafiadora. Pessoas que empreendem desenvolvem suas habilidades técnicas, humanas e conceituais de maneira mais rápida e se tornam mais eficientes no mundo dos negócios e na sociedade, em geral. Aliado a isso, com planejamento e muita determinação, empreender pode ser uma atividade recompensadora.
O papel do empreendedorismo de negócios
O papel do empreendedorismo no desenvolvimento econômico envolve mais do que apenas o aumento de produção e renda per capita. Envolve iniciar e constituir mudanças na estrutura do negócio e da sociedade. Tal mudança é acompanhada pelo crescimento e por maior produção, o que permite a geração de mais riqueza pelos diferentes atores que compõem o universo empreendedor.
Criação de empregos e geração de riqueza são fatores essenciais para o desenvolvimento econômico de qualquer país. Do ponto de vista da contribuição e da realização, tais fatores são e sempre serão motivos de orgulho para todo empreendedor bem-sucedido. Quem quer fazer parte desse universo precisa entender como ele funciona e quais são os fatores que o impulsionam.
A última pesquisa do GEM (Global Entrepreneurship Monitor) revelou que o Brasil conta hoje com aproximadamente 27 milhões de pessoas envolvidas ou em processo de criação de negócios por conta própria. Em números absolutos, o Brasil aparece em terceiro lugar no ranking de 54 países participantes da pesquisa. Perde somente para a China, com 370 milhões de empreendedores, e para os Estados Unidos, com 40 milhões.
No caso do Brasil, os 27 milhões de empreendedores são responsáveis por mais de 60 milhões de empregos formais e informais, o que corresponde a mais de 75% da massa de trabalhadores em atividade, fato que deve ser motivo de orgulho para o Brasil e para as pessoas que fazem parte desse universo.
A 11ª Edição da Pesquisa Empresa dos Sonhos dos Jovens, realizada pela Cia. de Talentos, revelou que, para a maioria dos jovens brasileiros, ter um negócio próprio é a solução para trabalhar em uma empresa que atende suas próprias expectativas em relação ao ambiente de trabalho, realização profissional e retorno financeiro. Segundo a pesquisa, 56% dos jovens profissionais entrevistados afirmaram que, em algum momento de sua carreira pretendem abrir um negócio.
O lado bom
Na década de 1990, o mundo globalizado perdeu em torno de quatrocentos e cinquenta milhões de postos formais de trabalho. Embora o número tenha estabilizado, não há sinais de que a economia se recupere tão facilmente a ponto de produzir um número semelhante de empregos. Trabalhar por conta própria ainda é a grande solução para a maioria das pessoas ao redor do mundo, senão a única. Na medida em que a competição aumenta e a inovação se faz necessária, a redução do quadro de empregados é natural, pelo menos para as grandes corporações.
Vejamos o lado bom de tudo isso. Milhares de empreendedores são oriundos da redução dos postos formais de trabalho. Milhares deles aprenderam a empreender por meio das adversidades e deram a volta por cima, tornando-se empresários bem-sucedidos ao criar empregos e, consequentemente, gerar riqueza.
Isso não é sinônimo de opulência nem de prepotência tampouco de necessidade de aparecer na mídia ou de competir. O propósito do empreendedorismo é muito claro e diz respeito aos fortes de espírito, dispostos a transformar simples sonhos em realidade com base em valores e princípios bem definidos.
Não importa o número de empregados que uma empresa possui. O que importa é o sentido de contribuição e de realização. Ganhar dinheiro, manter uma conta bancária confortável, aumentar o patrimônio, defender uma causa e obter uma posição de respeito na sociedade são consequências do trabalho bem feito, da persistência, da resiliência e da geração de valor para a sociedade, seja qual for o propósito do negócio.
O papel do empreendedorismo social
Empreendedorismo social tem a ver com a promoção da melhoria da vida das pessoas, com o respeito à natureza e com a formação de uma sociedade mais justa e mais equilibrada. Empreender socialmente implica repensar o significado da qualidade de vida, não pelo processo de acumulação de bens materiais, mas pela oportunidade de realização do ser humano como parte indissociável dessa grande empresa denominada universo que, por conta da ganância geral da humanidade, poderá ir à falência.
Empreendedores sociais têm características semelhantes aos empreendedores de negócios embora o objetivo predominante não seja a geração de lucro, mas, o impacto social. Na prática, eles são agentes de transformação social que priorizam o foco de atenção para os grandes dilemas da nossa sociedade.
De maneira geral, o empreendedor social aponta tendências e traz soluções inovadoras para problemas sociais e ambientais ao enxergar problemas ainda não reconhecidos pela sociedade, sob uma perspectiva diferenciada. Por meio da sua atuação e da própria mobilização, ele acelera o processo de mudanças e inspira uma legião de pessoas para o engajamento em torno de uma causa comum.
Os negócios sociais integram a lógica dos diferentes setores econômicos e oferecem produtos e serviços de qualidade à população excluída do mercado tradicional, ajudando a combater a pobreza e a reduzir as desigualdades sociais.
Inclusão social, geração de renda e qualidade de vida são os objetivos principais dos negócios sociais, que também são economicamente rentáveis. A partir do início deste século, negócios com impacto social têm proliferado em todas as partes do mundo, por meio de uma geração de empreendedores que pauta sua estratégia em valores sustentáveis.
Geração de valor para a sociedade
Empreendedores de negócios e empreendedores sociais são movidos por motivações semelhantes: fuga da rotina profissional, implementação de novas ideias, necessidade de autorrealização, prova de capacidade, independência, maiores riscos e responsabilidades, aumento da qualidade de vida e a eterna busca do reconhecimento.
Por outro lado, enquanto o empreendedor de negócios trabalha para conseguir lucro, gerar empregos e pagar impostos, o empreendedor social trabalha para transformar a sociedade num lugar melhor para se viver, ao estabelecer medidas e estratégias que geram retorno social e ambiental positivos.
A busca do grande homem (e da grande mulher) é o sonho da juventude e a mais séria das ocupações da humanidade, dizia Ralph Waldo Emerson, grande poeta e pensador norte-americano. No caso específico dos empreendedores sociais, pode-se dizer que sua utilidade vai além dessa busca. O que eles pensam e fazem vai muito além da necessidade de ganhar dinheiro e obter reconhecimento.
Independentemente da motivação e da percepção, ambos são extremamente úteis. O que importa, em qualquer um dos lados, é a geração de valor para a sociedade por meio da criação de empregos, da geração de impostos, da redução das desigualdades sociais, da perspectiva de melhoria de vida das pessoas em geral.
Pense nisso, empreenda e seja feliz!