Neide Martingo
A boa fase econômica voltou. As perspectivas de crescimento das pequenas e médias empresas para o primeiro trimestre de 2010 se igualam aos indicadores do terceiro trimestre de 2008, antes da pior fase da crise financeira internacional. Isso significa que os efeitos da turbulência ficaram para trás.
É o que mostra pesquisa realizada pelo grupo Santander, em parceria com o Centro de Pesquisas em Estratégia do Insper. O Índice de Confiança de Pequenos e Médios Negócios (IC-PMN) alcançou 68,9 pontos, em uma escala de zero a 100, no mês passado. O número, em novembro de 2008, era de 69,5 pontos. Em setembro deste ano, de 66,8.
De acordo com o coordenador do Insper, Danny Claro, 1,2 mil entrevistados, que têm faturamento de até R$ 20 milhões, responderam a seis questões: expectativa em relação aos resultados da economia brasileira nos primeiros três meses do próximo ano; o que esperam para o próprio setor; como será o faturamento do negócio, e o lucro, naquele período; se pretendem fazer contratações de pessoal; e qual será o montante a ser investido em infraestrutura. "O resultado demonstrou otimismo", disse Claro.
Emprego – Segundo ele, a pontuação só não ultrapassou a verificada no ano passado, na perspectiva de contratação de empregados. O índice referente a esse ponto atingiu 63 pontos. Em setembro de 2008, era de 68,4. "A decisão de aumentar a força de trabalho passa pelos custos, que, no Brasil, são altos. O mercado de trabalho é um dos últimos a se recuperar da crise", diz o professor do Insper José Luiz Rossi Junior.
Todas as regiões do País apresentaram alta no índice de confiança em relação à economia, com destaque para a Norte, que teve aumento de 65,3 para 69. A região Nordeste, que até setembro era a mais otimista, com 70,3 pontos, foi a única que registrou queda, caindo para 68,8.
Setor – Os pequenos e médios empresários que atuam na indústria são os mais confiantes para o primeiro trimestre de 2010. O melhor resultado foi verificado entre eles, com alta de 9,9%, para 69,2 pontos. O IC-PMN dos setores de comércio e serviços alcançou 68,9 pontos ante 66,7 na divulgação anterior.
"A expectativa para o primeiro trimestre de 2010 indica que o ano será positivo, levando em conta que 90% da geração de empregos tramita pelas pequenas e médias", diz o diretor de pequenas e médias empresas do grupo Santander, Ede Viani.
O Santander tem 500 mil clientes do segmento das micros e pequenas empresas, com faturamento até R$ 30 milhões por ano – o que representa 25% do total da pessoa jurídica. A carteira chega a R$ 22 bilhões. "O crescimento da carteira, em relação a 2008, foi de 10%. Mas, de 2007 para 2008, a alta chegou a 35%. O primeiro semestre deste ano foi bastante prejudicado pela crise financeira."
Segundo Viani, os empresários dedicaram os primeiros seis meses de 2009 para alongar o pagamento das dívidas. "Os clientes não tinham dinheiro para pagar os empréstimos porque não vendiam. Nos últimos dois meses, porém, o crédito foi solicitado também para o investimento em infraestrutura. A procura por capital de giro ficou estável."
Portal – O banco tem interesse em intensificar a relação com as pequenos e médias empresas em 2010 e, para isso, criou, em parceria com Insper, Sebrae, Endeavor e Associação Comercial de São Paulo (ACSP), o portal do empreendedor (www.santander.com.br/empreendedor).
Só em tecnologia, o projeto teve investimento de R$ 1 milhão. "Os clientes terão informações sobre educação financeira e dicas para entrevistar candidatos a vagas, além de cursos de finanças. Alguns dos serviços serão gratuitos, conforme o nível de relacionamento que eles tiverem com o banco", afirma Viani.