Atentas para a boa maré do mercado doméstico, impulsionado pelo aumento da renda, do emprego e do crédito, as indústrias decidiram redirecionar o foco dos negócios para os clientes locais. Com isso, escapam do real valorizado que atrapalha as exportações e da demanda externa ainda ressentida da crise financeira internacional. "Várias indústrias estão redirecionando a produção antes exportada para o mercado doméstico, quando é possível", diz o diretor de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Giannetti da Fonseca.
A fabricante de aviões Embraer vai mais que dobrar neste ano a participação das vendas domésticas no faturamento. Em 2008, o mercado interno respondeu por 4% da receita de US$ 6,3 bilhões. Este ano, a fatia das vendas domésticas será de cerca de 10% de um faturamento projetado de US$ 5,5 bilhões. "Venda para o mercado interno de US$ 530 milhões é a maior cifra nominal da história da empresa", afirma o vice-presidente executivo financeiro e de relações com investidores, Luiz Carlos Aguiar. O executivo frisa que 90% das vendas são para o exterior, mas que as vendas de aeronaves para dois novos clientes, as companhias aéreas Azul e Trip, deram uma injeção de ânimo na empresa.
O Grupo Orsa, que atua em celulose, embalagens e madeira, começou a sentir a recuperação do mercado interno em setembro. "O mercado interno recuperou com vigor. Nossa fábrica de embalagens está operando no limite da capacidade instalada", diz Sérgio Amoroso, presidente do Grupo Orsa. Ele conta que o setor de papelão ondulado, um dos termômetros da atividade econômica, cresceu 8% em volume em outubro, comparado ao mesmo período de 2008. "O segmento está batendo recordes de volumes, o que mostra uma demanda aquecida em todos os setores, de alimentos a eletrodomésticos", diz o empresário.