Flávia Furlan Nunes
Ele disponibiliza acesso à internet. Tem um enorme espaço para agenda telefônica. Possui memória de um computador. Também faz ligações, utilidade que acaba sendo secundária, dentre tantas outras. Com tudo isso, o smartphone caiu no gosto dos brasileiros. Muitos não conseguem passar um dia sequer sem usá-lo. O problema é que o hábito de consultar o "telefone inteligente" tem passado dos limites e prejudicado as relações no trabalho.
De acordo com a consultora de etiqueta Lígia Marques, as empresas colocam limites no uso da tecnologia em seus manuais de comportamento, mas o problema é que isso acaba sendo esquecido no dia-a-dia, o que acarreta abusos. "Infelizmente, as pessoas têm uma visão exagerada sobre as vantagens e poderes das novas tecnologias e as utilizam sem muito critério", avaliou a consultora.
Em alguns casos, as empresas investem nestes aparelhos, mas acabam percebendo que é preciso também ensinar os funcionários a usá-los da melhor forma, para que não atrapalhem o trabalho da equipe e seu próprio desempenho. Afinal, quem consegue se concentrar em um projeto com o programa de mensagem instantânea ligado? Pois é, não é à toa que as empresas proíbem o uso dessas redes de relacionamento nos escritórios!
Os requisitados
Existem profissionais que estão em níveis hierárquicos mais altos dentro das companhias e, por isso, acabam sendo mais requisitados para tomadas de decisões que, muitas vezes, devem ser imediatas. Questionada sobre se esses colaboradores têm um espaço mais aberto para uso dos smartphones, mesmo em momentos importantes, como reuniões, Lígia disse enfaticamente que não.
"Em uma reunião de negócios, o mais importante é a pauta dela. Se o uso do smart ou equivalente estiver colaborando para decisões a serem tomadas neste encontro, é válido usá-los, mas, se o assunto for outro, o mais adequado é usá-lo após o término da reunião. Interrupções mostram descaso com o assunto principal", afirmou, sobre uma situação que é recorrente.
Ela explicou que, com o smartphone, os profissionais querem passar a imagem de "plugados, modernos, cheios de afazeres importantes e que não podem ficar um segundo off-line". Porém, muitas vezes, a mensagem que estão passando seria "não consigo me organizar o suficiente para ter uma hora de privacidade sem comprometer meus negócios". Ela conclui: "tudo que é exagerado incomoda".
Os exageros
O grande exagero cometido pelos profissionais é ficar plugado no smartphone quando estão na presença de colegas de trabalho. É fazer com que o lado virtual interfira nas relações pessoais, aquelas que são face-a-face. Além do caso das reuniões, citado acima, existe o de almoço de negócios, por exemplo, que, mesmo sendo mais informal, também exige atenção quanto ao comportamento.
"Na presença de outras pessoas, é preciso que se avalie a urgência de respostas via aparelhos deste tipo. Se for mesmo o caso, a pessoa deve pedir licença pela interrupção da conversa, desculpar-se e responder o mais rápido possível e, de preferência, de uma só vez. Ficar trocando correspondências na presença de outras pessoas ainda é considerado um sinal de falta de educação".
Além disso, a consultora de etiqueta afirmou que os profissionais devem tomar cuidado com o exibicionismo: "Qualquer tipo de exibicionismo é péssimo. Nada de colocar os aparelhos sobre a mesa de almoço, por exemplo. Deixe no bolso!".